Como construir seu MVP 🛖
Melhor 100 pessoas que amam seu produto do que 1.000 que gostam. Depois de criar um MVP em 10 dias e aconselhar dois fundadores de um app de festas universitárias: Como construir seu MVP.
O mínimo do mínimo, e nada mais.
Qual é o mínimo que o seu produto tem que ter para ir para as mãos do seu cliente? Liste esses itens. Agora reduza. Reduza mais um pouco essa lista. Desenvolva o seu produto. E então agora coloque nas mãos dos seus clientes o mais rápido possível e aprenda com eles se o seu produto está os ajudando ou não e, em seguida, melhore o seu produto ao longo do tempo.
Esqueça as 100 pesquisas e 600 entrevistas com usuários, não perca o seu tempo tentando entrar em contato com todos os seus concorrentes e nem pense em ficar tentando conseguir investimento, contratando 100 pessoas e todas essas outras coisas que podem (e vão) tirar o seu foco do que realmente importa: Construir um bom produto para o seu cliente e aprender com ele.
Provavelmente o seu MVP não vai funcionar, mas é uma excelente forma de iniciar a conversa com o usuário e descobrir como você pode resolver seus problemas. O objetivo que você deve ter como fundador (a) é colocar um produto no mundo rapidamente. Produto mínimo viável, este é o nome.
Em segundo lugar, você deve conversar com alguns clientes iniciais e tentar descobrir o que pode fazer para tornar o seu produto ainda mais útil para eles.
O seu foco deve ser em ajudar o seu usuário a alcançar os seus objetivos através do seu produto, depois entender o que precisa ser mudado e então iterar o seu produto – iterar é nada mais do que alterar/melhorar/mexer/corrigir/etc. Deu certo? Ótimo. Repita o processo.
Converse com mais usuários, itere seu produto.
Converse com mais usuários, itere seu produto de novo.
Depois de três, quatro, cinco, seis iterações, seu MVP será muito diferente. Será um novo MVP, um novo produto. Este é o normal.
Ter essa conversa com os usuários e permitir que eles vejam a evolução do seu produto vai deixar eles muito empolgados, mais propensos a usar o seu produto e mais propensos a pagar por ele.
E você vai aprender 10 vezes mais do que apenas conversando com seus co-fundadores ou pensando sobre essas ideias em sua cabeça.
O desafio hoje é que muitas pessoas estão criticando os MVPs. Muitas pessoas estão falando sobre produtos mínimos adoráveis ou produtos mínimos úteis. E honestamente, muitos fundadores simplesmente querem construir produtos no nível do Steve Jobs, criar o iPhone e mudar o mundo.
Há essa ideia errada de que começar com algo pequeno que pode não funcionar muito bem é uma má ideia. Há muitas pessoas que se preocupam que, se você começar com algo pequeno e der para um cliente e ele não gostar do produto, nunca mais vai conseguir falar com ele novamente.
O que acontece é que na maioria dos casos, as pessoas interessadas em testar um produto são os famosos early-adopters ou adotantes iniciais. Eles normalmente estão acostumados a usar produtos que não funcionam muito bem.
E a razão pela qual os early-adopters estão falando com você não é porque eles acham que seu produto vai funcionar muito bem, é porque eles têm um problema real e estão abertos a usar um novo software, então você não precisa se preocupar em perder essas pessoas.
Esses são os tipos de pessoas que experimentam novos produtos o tempo todo.
Se você disser: "Eu não posso garantir que isso vai funcionar perfeitamente desde o primeiro dia. Mas se você continuar trabalhando comigo, nós vamos melhorar e eu vou garantir que ele funcione para você com o tempo."
Esses são os tipos de pessoas que amam essa abordagem.
E as pessoas que ao seu produto falhar nunca mais vão usar? Bom, com isso você descobre as pessoas que nunca iam usar seu produto de qualquer maneira. Elas não são early adopters. Elas não usam novo software, então você não precisa se preocupar em perder essas pessoas, porque na real mesmo você nunca as teve.
O Medo
Este é um medo famoso, o do “Se eu apresentar meu produto para as pessoas e elas não gostarem, minha empresa morre.”👻
É sempre engraçado quando pensamos nisso, porque, na verdade, a empresa não morre. Produtos e empresas não são como jogos. A não ser que tenha acabado o seu dinheiro, aí talvez…
Imagine o pior cenário: você fala com um cliente, apresenta seu produto, não funciona. Eles não querem a sua criação. Você acorda no dia seguinte… Algo mudou? Você não pode entrar em contato com outra pessoa? Não pode voltar a falar com o cliente depois de uma semana, quando tiver melhorado o produto? Sua startup realmente morreu? Na maioria das vezes, quando você tem esse medo, o que deve fazer é se abraçar e se perguntar: esse medo é real? Minha empresa realmente vai morrer se X acontecer?
Não é ruim sentir medo, mas é ruim agir com base nele.
É péssimo você gastar um ano construindo seu MVP porque você tem medo de que o primeiro cliente possa não gostar. Porém, pode ser pior…
Tem outro grupo de pessoas que pensa o seguinte: "Eu sei como fazer um o produto perfeito e sei que vai levar um ano para construir! Por que deveria construir versões ruins dele?"
Essas pessoas têm um apelido de "falsos Steve Jobs", e isso é realmente uma grande concepção errônea do que grandes fundadores fazem. Muitas pessoas pensam que Steve Jobs era a pessoa que poderia apenas imaginar grandes produtos em sua mente e depois conceber eles para o mundo.
Mas o que é engraçado é que na maior parte do tempo, quando as pessoas pensam nos produtos pelos quais Steve Jobs é mais conhecido, por exemplo o iPad e o iPhone, elas não lembram de todas as diferentes iterações desses produtos ao longo do tempo.
Muitas vezes, as pessoas pensam: "Ah, o Steve Jobs lançou um telefone incrível na primeira vez",
Mas também pense que:
"O primeiro iPhone começou sem a App Store. Também não era possível gravar vídeos. O primeiro iPhone só tinha 2G e não 3G e era péssimo. Não tinha câmera frontal e a grande maioria dos app nativos que existem hoje não existiam."
A maioria das pessoas não se lembra disso.
👋 Uma breve pausa no texto para dois avisos:
🧠 Eu lancei essa semana o meu primeiro MVP, se você quiser fazer parte do beta, clique aqui e insira seu e-mail.
☕️ Se quiser tomar um café comigo ou comigo e com o Pedro, clique aqui.
Para a maioria das pessoas, o iPhone que elas realmente consideram um iPhone, era a terceira ou quarta iteração do iPhone. Mesmo o grande Steve Jobs iterou seus produtos ao longo do tempo. Então, se você se encontrar sendo um falso Steve Jobs, pensando: "Eu sei exatamente do que o cliente precisa. Só preciso arrecadar R$ 10 milhões, gastar um ano construindo e depois lançar", pense novamente, certo?
Se Steve Jobs precisou de várias tentativas para acertar seus produtos, talvez você precise também. A seguir, vou te dar alguns exemplos e em todos esses exemplos, você verá três pontos bastante simples.
Em primeiro lugar, todos esses produtos foram construídos rapidamente, ou seja eles puderam entrar no mercado rapidamente.
Em segundo lugar, todos eles tinham funcionalidades muito limitadas.
Terceiro, e curiosamente, todos esses produtos atraíram um pequeno grupo de usuários. Esses fundadores perceberam que criar algo que um pequeno grupo de pessoas amasse era muito mais importante do que criar algo que pudesse atender a todas as necessidades de todos os clientes potenciais desde o primeiro dia.
Abaixo, o nosso primeiro exemplo, o primeiro site do AirbnB:
Se você fosse um early-adopter quando o Airbnb foi lançado pela primeira vez, aqui estão algumas das coisas que você não conseguiria usar:
Não havia pagamentos. Se você encontrasse um lugar no Airbnb, não poderia pagar por ele no site. Você tinha que realizar o pagamento de alguma outra forma.
Não havia uma visão do mapa, então não havia como você ver onde os lugares estavam na cidade. Isso é bem básico.
Três, ainda mais curioso, você tinha que ficar em um colchão de ar. Você não podia alugar uma casa inteira ou um quarto.
Em quarto lugar, a primeira versão do Airbnb só funcionava para quando existiam eventos e conferências. Eles literalmente ativavam o site em uma cidade quando havia uma conferência e, quando a conferência acabava, o Airbnb era desativado. Isso era o Airbnb para começar. Este foi o MVP.
Aqui está o nosso segundo exemplo, a Twitch:
A Twitch começou como um site chamado Justin TV, onde um dos co-fundadores, o Justin, tinha uma câmera em sua casa para transmitir 24 horas por dia, 7 dias por semana da vida dele. Meio creepy, mas na primeira versão da Twitch, havia apenas uma página, a página que você está vendo acima.
Havia apenas um streamer e ele era o Justin. Não havia jogos, a não ser quando o Justin decidia jogar Guitar Hero ou algo assim. Agora, quando você acessar a Twitch, é completamente diferente. Mas é assim que tudo começou.
E por fim, temos o Stripe. Esta foi a primeira versão:
Naquela época, nem mesmo tinha o nome Stripe. Era chamado de “barra Dev barra Payments”. Nesta época, eles não tinham nenhum acordo bancário sofisticado. Eles estavam trabalhando com um pequeno banco e também não tinham APIs diretas com aquele banco para configurar contas, então eles tinham que ligar para o banco todas as noites preencher manualmente o formulário para que você pudesse configurar sua conta…
Porém, o Stripe começou a ganhar tração principalmente com as startups da YC em estágio inicial que só queriam aceitar pagamentos simples com cartão de crédito.
E isso é tudo o que o Stripe fazia no início e isso era mais do que suficiente para começar, certo?
Talvez você se pergunte: Quem são essas pessoas que realmente querem usar MVPs ruins? Quem são esses primeiros usuários que querem passar por essa experiência?
Há uma analogia divertida: A primeira versão do produto será para pessoas que estão com os cabelos pegando fogo.
Imagine que você é essa pessoa e seu cabelo está pegando fogo enquanto você lê esse texto! Agora, imagine que eu estou aí contigo, qual seria o produto que eu poderia te vender para resolver esse problema?
Seu cabelo está pegando fogo neste exato momento. Provavelmente, você pensou em alguma versão de um balde de água, uma mangueira, alguma coisa com água.
E sem dúvidas um produto envolvendo água é uma excelente solução, talvez seria o iPhone deste mercado. A água resolveria imediatamente o problema, porém… Eu só tenho um MVP para te vender agora 😬
E o que tenho pra te vender é um tijolo.
Talvez você pense que não compraria um tijolo, mas isso é bobagem. Seu cabelo está pegando fogo. Você compraria meu tijolo e bateria com ele na sua cabeça para apagar o fogo. Isso é um MVP.
Não é a solução perfeita, mas você está com tanta “dor” como cliente que vai usar uma solução imperfeita para resolver o seu problema. Este é o cliente que queremos. Para clientes que não estão desesperados, você pode esperar.
Você não precisa deles agora, mesmo porque eles não precisam de você, porém vai atrás dos desesperados primeiro. Isso vai tornar a sua vida muito mais fácil.
Talvez você se pergunte: Por que então apenas não falo com 100 usuários e eles me dirão o que construir?
Este seria o sonho. Não só meu, mas de todo mundo. O problema é que os seus clientes são especialistas em problemas, mas eles não têm todas as respostas de como resolver. Isto é o seu trabalho.
Esse é o trabalho da pessoa que está construindo um novo produto. As pesquisas vão te ajudar a entender a dor pela qual seu cliente está passando, mas não vão te ajudar a descobrir como resolver essa dor. O único momento em que você começa a ter essa conversa com o cliente é quando você colocar um produto na frente deles, preferencialmente um MVP, e começar a perguntar: Isso, de alguma forma, resolve seu problema?
Para encerrar, acho que um dos pontos mais importantes que quero deixar para você é que você não começa sua startup com todas as respostas.
Construir uma startup, especialmente na primeira fase de construção de uma startup, antes de encontrar um mercado, é tudo sobre aprendizado. É tudo sobre pegar algumas das ideias iniciais, levar ao mercado e aprender.
A maioria das soluções, as melhores partes dos produtos usados hoje, foram descobertas depois que esses produtos foram lançados, quando os fundadores estavam aprendendo com seus usuários. E construir e lançar um MVP é a maneira mais rápida de começar o processo de aprendizado.
E quanto mais rápido você aprende, mais provável é que você construa algo que as pessoas amem antes de qualquer outra pessoa.
Botando na prática
Algumas dicas de como construir o seu MVP:
Estipule para si mesmo um prazo muito específico. É muito mais fácil garantir que você esteja construindo algo que seja o produto viável mínimo se der a si mesmo duas semanas, um mês ou um mês e meio para concluir, ao invés de deixar o prazo aberto.
Escreva as especificações. Se você acha que existem cinco ou dez funcionalidades necessárias para lançar um MVP, escreva todas elas. Se você escrever, pode se concentrar apenas na construção em vez de debater continuamente o que deve ser construído.
Agora, corte as especificações. Depois de escrever tudo isso, revise cada um desses itens e pergunte a si mesmo se um cliente realmente desesperado precisa dessas funcionalidade para começar. Você ficará surpreso com quantas funcionalidades pode deixar de fora para a segunda, terceira ou quarta versão do seu produto e apenas obter o básico primeiro.
E, em quarto lugar, e mais importante, não se apaixone pelo seu MVP. Vai mudar. Você vai iterar. Vai ficar muito, muito diferente ao longo do tempo. Você quer fazer isso rápido e não quer se apaixonar por ele. Você quer se apaixonar pelo seu cliente, pelo seu usuário, e não pelo produto inicial ruim que está construindo para começar a aprender com esse usuário.
Antes de me despedir, se lembre: é muito melhor ter 100 pessoas amando seu produto do que 100.000 que gostam dele. Por isso que, ao lançar esse MVP, é totalmente aceitável fazer coisas que não estão prontas para a escala e recrutar esses clientes iniciais um por um é totalmente aceitável.
Se você se importar com esses clientes, eles te ajudarão na construção de um excelente produto.
Muito obrigado e até a próxima 👋
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