Como proteger o seu Negócio das Crises Financeiras Globais 💵 por Italo Sabo da ICS Advisory
Com eventos globais acontecendo nos últimos anos, como podemos avaliar o contexto e efetivamente entender como essas situações impactam nos nossos negócios.
Sou Italo Sabo, sócio-proprietário da ICS Advisory, consultoria especializada no modelo de CFO as a service e Advisory Board, além de ser investidor-anjo e mentor de startups e empresas tradicionais que necessitam de captação de recursos, estruturação de governança e apoio estratégico e tático ao C-level e investidores.
Possuo MBA em finanças pelo Insper, além de ter bacharelado em administração de empresas e ciências contábeis.
Dos 20 anos de experiência profissional atuei 7 anos como gerente de auditoria, consultoria e M&A e nos últimos 10 anos atuando como CFO e executivo de finanças e controladoria com vivência e experiências internacionais tanto no Canadá, Estados Unidos, Europa e América Latina.
Possuo experiências com IPO, fundraising e M&A, modelagem econômico-financeira e valuation.
Crises financeiras globais como o caso do Silicon Valley Bank e Credit Suisse. Será que era de fato algo imprevisível? E quais as medidas mínimas a serem tomadas para proteger o seu negócio ou sua startup? Uma visão macroeconômica geral.
Nos últimos anos, em especial nas últimas semanas, temos nos deparado frequentemente com uma enxurrada de informações de mercado, em sua maioria com tonalidades negativas, que apenas aumenta nossa sensação de ansiedade e receio pelo simples fato do “novo” e da “imprevisibilidade” que essas informações nos causam, exemplos como a “pandemia”, “fraudes e escândalos”, “inflação” e “demissões em massa” nos circundam diariamente e isso não irá mudar, penso que temos que aprender a conviver e nos preparar melhor para cenários de maior restrição e escassez de recursos.
Agora, quebradeira em bancos como os recentes casos do Silicon Valley Bank e mais recentemente do Credit Suisse adquirido pelo UBS seria algo normal? Elementar que não meu caro Watson!
Conhecemos pela sabedoria popular e sempre ouvimos dizer que os bancos apenas ganham e nunca perdem.
Então como situações como estas estão ocorrendo em tão curto espaço de tempo entre um caso e outro em um setor que é visto como quase à prova de balas e totalmente regulamentado?
Estaríamos então diante de uma nova crise financeira global similar ao do Subprime lá em meados de 2008?
Como seu negócio pode enfrentar situações adversas como esta?
Além disso, será que todo este cenário negativo irá impactar de alguma forma o seu negócio? Desde já te adianto que sim, e mais cedo ou mais tarde irá!
As mesmas situações que ocorrem com empresas de grande porte, também ocorrem com empresas de pequeno e médio, e até mesmo startups, porém no caso das empresas de grande porte, além de terem maior capacidade de se reorganizar mesmo que lentamente e com orçamentos voluptuosos, muita das vezes julgávamos estas como exemplos de referência em ética, transparência e que da noite para o dia simplesmente sucumbem diante de circunstâncias diversas e adversas, causados por fatores alheios ou simplesmente desastrosos de comunicação ou pura má-gestão, diria que muito mais pelo último fator.
Apenas para citar alguns exemplos como os casos da falência do SVB e na derrocada do Credit Suisse que resultou na recente aquisição por outro banco, o UBS nos Estados Unidos, e no caso da recuperação judicial e escândalo de fraudes contábeis da Americanas aqui no Brasil, falando apenas dos casos recentes que estão na boca do povo e nas mídias atualmente e muito tem se falado a respeito.
Há muitas outras empresas na fila da falência na economia norte-americana, quiçá por aqui cujo reflexo ainda não chegou, então se justificaria uma forte correção de rota no cruzeiro de grandes empresas ao redor do globo.
Mas, o que estas situações têm em comum?
E outra pergunta que não quer calar, será que de fato era algo imprevisível ou inesperado?
Ou ao menos não teríamos condições mínimas de prever ou enxergar que uma marola estava se formando no alto mar, mesmo que a quilômetros de distância?
Ainda mais com as tecnologias de previsibilidade avançadas que estão sendo continuamente lançadas nos últimos anos, e que isso poderia de certa maneira se transformar em um tsunami no futuro não tão distante.
Ou, como sua empresa seja ela de pequeno, médio ou grande porte, de uma startup a uma empresa tradicional, ou até multinacionais podem se preparar para eventos adversos como estes, que de certa maneira poderiam ou podem trazer impactos generalizados ou sistêmicos?
Sem querer aqui esgotar o tema, ou trazer respostas ou soluções mágicas, mas sim, trazer alguns aspectos elucidativos para reflexão, gostaria de abordar o tema da deterioração econômica global e a importância de se preparar para eventos como estes, já que não temos bola de cristal para prever todos os cenários possíveis e inimagináveis, mas podemos ponderar, analisar, refletir e derivar sobre indícios que surgem muito antes, e talvez um dia quem sabe, com inteligência artificial (IA) isso seja possível com um viés de precisão absurda resolver questões como estas, quem sabe!
Mas, como não sou especialista neste tema em específico, deixo este assunto para os universitários da área de tecnologia responderem!
Um breve contexto macroeconômico global
Desaceleração da economia chinesa
O efeito da desaceleração econômica global já se fazia sentir desde antes da pandemia ser deflagrada, um exemplo foi a China com sua economia pujante que crescia em média 10% ao ano e se viu obrigada a desacelerar seu crescimento econômico para patamares em torno de 7% ao ano aproximadamente, numa tentativa de frear o crescimento econômico que crescia de forma vertiginosa com a oferta em produtos, construção e serviços sem necessariamente ter um contraponto com a demanda para consumir e escoar todo este crescimento.
Nunca sai da minha memória um passado, quando atuava como CFO de uma investida de um fundo de private equity, que atua no segmento de telecomunicações, que apesar de ser uma empresa super eficiente e enxuta, conseguindo se esmerar para trazer resultados positivos, em meio a um mercado global altamente concorrencial, competindo inclusive contra grandes produtores chineses que são um dos detentores da tecnologia e produção de cabos ópticos no mundo.
E para se ter uma ideia, apenas um dos grandes fabricantes de fibra ótica chinês detinha em seus estoques a quantidade de mais de 1 milhão de quilômetros de fibra ótica, apenas aguardando para serem vendidos e desaguar mundo afora por preços absurdamente baixos se caso fosse necessário dizimar a concorrência mundialmente, e caso ocorresse poderia facilmente destruir nosso mercado local, visto que toda esta quantidade de fibras seria possível cobrir quase que a totalidade da demanda existente para instalação de cabeamentos de fibra óptica no Brasil.
E me recordo também, de ter ouvido de executivos chineses naquela época, de que o Governo chinês havia baixado uma determinação para as grandes empresas chinesas, de que teriam que obrigatoriamente internacionalizar suas operações em até 30% do seu capital, sob pena de não mais receber novos subsídios e apoio do Governo chinês no futuro, seja através da expansão de suas operações, seja por aquisições estratégicas (M&A) em outros mercados emergentes, como o brasileiro.
E tudo isso em um ritmo crescente e acelerado, que se não houvesse da parte do Governo brasileiro mínimas barreiras protecionistas poderia facilmente destruir a indústria e a economia local deste setor, e consequentemente o emprego e a renda da força de trabalho deste segmento.
E toda esta estória nos mostra que a China já visualizava a importância e a necessidade de descentralizar e internacionalizar suas operações, pois de certa maneira já se deparava com um ritmo menos acentuado na sua curva de crescimento.
E detalhe, todo este cenário ocorreu antes do período pandêmico, e se acentuou a posteriori com ofertas de chineses ansiosos por adquirir via M&A (Merger & Acquisition ou simplesmente fusão e aquisição) players menores deste setor na região da América Latina ainda mais por serem ativos baratos para seus enormes padrões financeiros.
Crise imobiliária e a bolha imobiliária chinesa
Adicionalmente, em meio a uma das maiores, senão a maior crise sanitária da história da humanidade, em meados do segundo semestre de 2021 por exemplo, o mundo dos negócios em especial o mercado financeiro global ficou estarrecido com a notícia da derrocada das construtoras chinesas, em especial no caso da Evergrande com um endividamento bruto total da ordem de US$ 300 bilhões de dólares, em que o Governo chinês se viu obrigado a socorrê-la sob o risco de solvência (o chamado “default”), risco de crédito e falência, além de um possível impacto generalizado na economia chinesa e no mercado imobiliário do país.
E, posteriormente, no segundo semestre de 2022, uma nova notícia de que as 6 maiores construtoras imobiliárias da China, que por sinal estão entre as maiores construtoras do mundo, possuíam juntas um endividamento bruto total superior a US$ 5 trilhões de dólares, e não, você não leu errado, são mais de US$ 5 trilhões de dólares, algo equivalente a pouco mais de R$ 26 trilhões de reais somente de endividamento, tendo como efeito cidades fantasmas inteiras sem sequer existir uma única viva-alma habitando no local.
Inclusive, chegamos a ver vídeos circulando na internet de prédios enormes em canteiros de obras chineses sendo totalmente implodidos por pura falta de demanda, além de centenas de cidades fantasmas mantidas pela conhecida política do governo chinês de “construir primeiro e povoar depois”.
Até mesmo o megainvestidor americano George Soros chegou a classificar o investimento da Black Rock (maior fundo de investimento americano) que havia investido pesadamente no setor imobiliário chinês como um “erro trágico” e que iria custar muito dinheiro, tendo em vista que muitos investidores, inclusive americanos apostaram pesado na economia chinesa na última década.
Outros reflexos da pandemia na economia mundial
O período pandêmico deflagrou um cenário macroeconômico global que costumo dizer que é “o tal cobertor curto” que acaba deixando os pés de fora em uma noite de frio, e não importa a forma e o quanto você se mexe, ou vai descobrir os pés ou descobrirá a cabeça!
E todo este efeito foi sentido não somente pelas famílias e empresas, mas também pelos governos que veremos adiante fatores relacionados.
Obviamente que as famílias acabam sendo mais impactadas pela perda do emprego e renda, afetando seu orçamento familiar, nível de consumo, endividamento e empobrecimento, mas os governos também se viram obrigados a tomar medidas amargas e ainda sofremos impactos de suas decisões tardias.
Além disso, este período resultou no que chamo de “efeito chicote”, uma puxada para trás tão forte na economia em decorrência das restrições de mobilidade que as empresas, governos e famílias não estavam preparados para assimilar todo este impacto, e após os constantes “abre e fecha”, ou o famoso “fica em casa que a economia a gente vê depois” vimos as consequências na escalada da inflação global.
Escalada da inflação global
Quando muitos estavam tentando assimilar estes efeitos nos seus balanços, novamente o “efeito chicote” veio à tona, só que agora com a reabertura da economia trazendo consigo o impacto direto do aumento do consumo e da demanda, seguido por uma escalada de preços e uma inflação galopante ao redor do globo como nunca antes se viu, principalmente em países desenvolvidos e com economia historicamente pujantes como o caso dos países europeus e a própria economia norte-americana, algo que nunca haviam experimentado ao longo de suas histórias.
Ao longo de 2022 chegamos a encerrar o ano com uma inflação inferior ao da economia norte-americana, que por lá em decorrência do nível de quase pleno emprego nunca foi experimentado pela população americana, em que até mesmo o preço do galão do combustível é proporcionalmente mais caro do que no Brasil, quem diria!
Cenário este que foi acentuado inclusive por uma guerra geopolítica entre Rússia e Ucrânia, que por consequência, fez o preço do gás natural e de diversos produtos disparar e impactar em cheio a tentativa de retomada econômica da Europa, e que já vinha debilitada por questões geopolíticas como a saída da Grã-Bretanha da União Europeia, o chamado Brexit, além do enfraquecimento do Euro perante o Dólar nos últimos anos.
Aumento das taxas de juros. Um remédio amargo!
Quanto aos bancos centrais ao redor do mundo, se viram obrigados a adotar o velho e conhecido antídoto, que é o aumento das taxas de juros, na tentativa de frear este consumo e desacelerar a alta desenfreada da inflação ao redor do globo, em decorrência desta forte demanda que estava represada por conta dos fatores citados anteriormente.
Esse sim, tem sido um remédio amargo, porém necessário até um certo nível na tentativa de conter a elevação do custo dos produtos e serviços a um patamar que não resultasse no aumento das despesas financeiras a um ponto que aumentasse ainda mais o nível de endividamento destas empresas que se vissem obrigadas a tomar medidas drásticas de demissão em massa como no caso das Big Techs ao redor do globo (Meta, Microsoft, Google, Twitter entre outras).
No Brasil por exemplo, tivemos impactos relevantes principalmente na indústria brasileira e no comércio varejista que é um setor altamente demandante por capital de giro e crédito para financiar seus estoques (a tal da NCG, ou Necessidade de Capital de Giro), e todos com cortes na produção ou até mesmo encerramento de suas atividades em definitivo como vimos no caso da Ford aqui no Brasil, que repatriou sua operação para os Estados Unidos.
E a consequência disso tudo seria a diminuição da arrecadação de impostos na esfera governamental e pública, bem como no empobrecimento das famílias e aumento da desigualdade social pelo desemprego e aumento do endividamento familiar se não fossem tomadas medidas emergenciais para socorrer as empresas com créditos subsidiados pelo BNDES, o tal BNDES FGI, e isso ajudou enquanto durou, mas a conta iria chegar!
E sobre endividamento familiar, pesquisas apontam que no Brasil o nível de endividamento das famílias atingiu patamar recorde de 80%, isso mesmo... impressionantes e alarmantes 80% da população brasileira está endividada, e o conceito de endividamento aqui vai além de ter um financiamento imobiliário ou uma fatura do cartão de crédito que ora é quitado e por vezes não, mas uma parte substancial destas famílias não têm sequer condições de honrar com seus compromissos básicos como alimentação e moradia, o que torna o cenário altamente preocupante.
Aumento do endividamento público dos países
Muitos bancos centrais pelo mundo estão tomando medidas tardias, e para piorar ao longo dos últimos anos, os Estados Unidos através do FED (Federal Reserve ou simplesmente Banco Central americano) emitiu tanta moeda, mas tanta moeda, que despejou bilhões e bilhões de dólares na economia mundial, em um período do crédito barato e fácil, e por estas e por outras, aliado a todos os fatores listados anteriormente que penso que a “farra do crédito barato” acabou.
Para o caso das startups: Muitos investidores já não aceitam mais o desaforo de não se pensar nas margens, no ponto de equilíbrio, na geração de caixa e na geração de valor, a máxima é proteger o caixa e trazer rentabilidade e lucratividade.
E o governo americano viu seu endividamento bruto total passar dos US$ 30 trilhões de dólares, algo como 18 vezes o tamanho do PIB brasileiro.
E se o leitor já estava assustado com os números do endividamento das construtoras chinesas, creio que lendo estes números deve ter caído da cadeira com estes números que talvez não se resolva nem mesmo nas próximas 4 ou 5 gerações! Algo assustador, não?
Casos recentes como o do Silicon Valley Bank e do Credit Suisse. Seria mais um sinal de alerta de que o tsunami ainda nos rodeia? Ou é apenas o efeito chicote ainda pairando na economia global.
Outra consequência de tudo isso que citamos aqui e de que todos nós já estamos carecas de saber é o fato de que a sensação de risco mundial aumentou, e o colapso imprevisível em qualquer modelagem de negócio, em especial quando envolve temas externos como uma pandemia, uma guerra etc (tendo em vista que toda projeção e modelagem econômico-financeira é feita considerando a perpetuidade dos negócios e não um cenário de falência apenas para fazer constar), e no caso das instituições financeiras não foi diferente, aliado ao temor e aversão a riscos de que grande parte dos clientes que desesperadamente decidiram, num efeito manada, sacar os seus recursos do banco, que para muitos foi decorrente de comunicações desastrosas da parte de seu CEO quando anunciou que iria captar no mercado algo como US$2 bilhões de dólares para melhorar sua posição patrimonial e financeira, gerando uma corrida digital ao banco por parte dos correntistas que resultou na escalada de saques de seus depósitos, forçando o SVB a derrubar operações estruturadas com maturação apenas no longo prazo e liquidá-las no curto prazo, e o pior de tudo, com deságio em desfavor do banco, o que foi fatal!
Além disso muitos outros bancos americanos estariam com suas posições de Equity e HTM (hold to maturity, ou simplesmente ativos “mantidos até o vencimento”) com pouca folga no caso de uma corrida aos bancos para realização de saques por parte de seus correntistas, com exceção de alguns bancos como o JPMorgan, Bank of America e Citibank nesta ordem a grande maioria não teria condições de absorver este impacto de liquidez imediata.
E foi por esse motivo que o FED se viu obrigado a intervir no caso do SVB sob o risco de um eventual temor se espalhar e um colapso impactar os bancos regionais americanos, e até mesmo bancos muito maiores do que o SVB.
E nesta tentativa de acalmar os ânimos, o FED agiu rapidamente para evitar novas escaladas, e o mercado financeiro até então, tem agido para dizer que não há risco de crédito como os que ocorreram em 2008 no caso do Lehman Brothers, pois segundo eles as regras financeiras existentes são muito mais rigorosas do que as que existiam no passado, até mesmo no que concerne ao nível de alavancagem das instituições financeiras e estas estão mais maduras do que antigamente, e que o nível de concentração em ativos foi um caso isolado do SVB, visto que o SVB como o banco chamado de “queridinho das startups” estava com sua carteira demasiadamente concentrada no ecossistema de startups que são ativos de maior risco, de longo prazo e altamente demandantes por caixa, o famoso “cash burn”.
A pergunta aí é? Mas como ninguém viu que o SVB estava com sua carteira tão concentrada em ativos de risco e que representaria um risco de crédito para o mercado financeiro?
Além disso, olhe só uma pesquisa recente, elaborada pelo Bank of America (BofA) que mostra que na perspectiva de gestores de fundos a percepção de risco de um colapso sistêmico no crédito superou o medo da inflação de um mês para o outro.
Todos estes reflexos, ainda resultante da desaceleração global forçada, demandará maior eficiência dos governos e das empresas, para que também as famílias tenham um mínimo de qualidade de vida ao passo que a projeção demográfica da ONU é de que até 2050 tenhamos aproximadamente 10 bilhões de habitantes e que já no final de 2022 atingimos a marca de 8 bilhões de habitantes, e como toda esta população será alimentada?
E, sem querer aqui pontuar soluções mágicas, o que para mim, além da ética nas relações comerciais e profissionais, o tal “fazer mais com menos” será uma máxima neste novo momento da economia que vivemos e que irão deixar marcas, espero que positivas, e agora com mais cautela e não um desenfreado e vertiginoso crescimento como víamos nos últimos 10 anos como mínimo.
Ponderações finais e sugestões baseadas em minhas experiências como executivo da área financeira e também por que não dizer como um jogador de xadrez que fui!
Em suma, apesar do cenário adverso e bastante caótico da economia global, os bancos centrais, os países e as grandes corporações estão movimentando suas peças no tabuleiro da economia mundial para enfrentar um momento de maior escassez de crédito, já que o crédito ainda existe, ele apenas mudou de bolso e migrou para carteiras mais conservadoras rendendo taxas de juros maiores como as praticadas na economia norte-americana atualmente por exemplo, e a própria desaceleração econômica, além de um crescimento necessariamente mais comedido pelo menos até essa onda passar, que por sinal irá passar!
Grandes cruzeiros ou transatlânticos empresariais com estruturas robustas e pesadas terão grandes dificuldades de se movimentar com agilidade, e realizar seus cortes em tempo oportuno, mas o farão como o caso das Big Techs já citadas anteriormente.
E peixes pequenos não concorrem com tubarões, eles os seguem!
Portanto, penso que se abrirá uma janela de oportunidades enorme para empresas que são mais eficientes, enxutas e ágeis em suas tomadas de decisões com modelos de negócios de fato escaláveis e rentáveis, mas que decidirem agir no sentido de já pivotar o seu modelo de negócio para um mindset de crescimento com lucro, geração de caixa e geração de valor agregado.
Pois de nada adianta vender sem margem, vender mau e ainda pagar comissões por vendas mau feitas, além de deixar de monitorar os custos (CAC – custo de aquisição de clientes, por exemplo) ou ter churns (cancelamentos de venda para clientes) exorbitantes e sem controle, ou sem lucro líquido, sem EVA (Economic Value Added ou Valor Econômico Agregado), sem retorno para os investidores, e o pior, com modelos de negócios com forte demanda por crédito de curto prazo e com NCGs insolúveis, com prazos de pagamento de fornecedores curtíssimos e prazos de recebimentos alongados.
Há que se preparar em todos os quesitos! Desde implementar níveis de governança, visibilidade dos seus números financeiros, econômicos e contábeis (sem “mandraquices” contábeis como no caso da Americanas).
Deve-se também analisar suas margens reais, melhorar seu cenário de NCG, renegociar prazos com fornecedores, revisar seu planejamento tributário, avaliar suas dívidas de curto, médio e longo prazo se estão te cobrando juros exorbitantes e renegociar, melhorar sua estrutura de capital e financiamento de longo prazo, montar operações de hedge para suas vendas e custos expostos às variações cambiais, cortar custos desnecessários, mas não o famoso cafezinho pelo amor de Deus hein!
Até porque, isso não gera efeito prático nenhum ainda mais para quem ama a cafeína e isso não é o meu caso para ficar registrado! Realize sim economias e cortes inteligentes e contundentes, melhore seu cash runway, mas a dica principal de todas é Proteja o Rei do Tabuleiro, o famoso “Cash is King”!
E se mesmo assim, se você e consequentemente o seu negócio não assimilou ainda que o mundo mudou, repense o futuro do seu negócio pois ele estará fadado ao insucesso e espero que não descubra tardiamente e da pior maneira possível!
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Uau que aula! Depois de ler tudo isso, só dá para concluir que o mundo tá um caos hehe